quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Centro de Estudos Francisfreireano?

Cachupa (http://pt.wikipedia.org/wiki/Cachupa) é um prato da gastronomia de Cabo Verde

Os debates eram sempre em torno das comunalidades dos dois países, as descobertas eram sempre surpreendentes, nada mais natural, afinal na altura dos "descobrimentos" e das Grandes Navegações, o arquipélago de Cabo Verde (uma "criação" de Portugal, no século XV, mas que tem identidade e culturas próprias, embora a independência do país só tenha se dado na década de 70 ), servia de entreposto comercial, estava a meio caminho entre Brasil e Portugal.
Um encontro duplamente gastronômico, afinal alimentávamos o corpo (geralmente com uma saborosa cachupa, cuja confecção era feito por um voluntário e muitos assistentes), às vezes regada com um "pontche" (http://www.paulbelezanatural.com/Produtos.htm), aí já era luxo demais, e músicas brasileira e caboverdiana, fazíamos semanalmente um sarau para lá de envolvente... Como alimentávamos também as ideologias, ideais e utopias, em busca da construção de um outro mundo mais justo, mais igualitário e humano.
Não compartilhamos da idéia de que a África seja "um continente perdido" e que necessite da esmola dos mundos ditos "desenvolvidos", mas o que o continente e suas populações necessitam acima de tudo é de respeito e de estar no seu lugar de pertencimento por direito e não por concessão de um mundo imperialista que ao longo da história vem fazendo uma partilha entre eles, como se fossem os donos do planeta e dispusessem dos territórios como bem lhes convêm. Mas sim que é um continente rico, em natureza e em pessoas, e que os acordos bilaterais seriam sem dúvida uma importante via de desenvolvimento para os envolvidos.
Diante das nossas semelhanças, como também das diferenças, buscar um maior aprofundamento no campo da educação se fez/faz necessário. Então a partir daí, eleger que ou quais linhas de pesquisas, temas, conteúdos visando não apenas um maior estreitar de laços, mas idéias, alternativas para os probelmas comuns, sobretudo no campo da educação, assim como a solidificação do grupo, que é formado inicialmente por brasileiros e caboverdianos, das mais diversas áreas do conhecimento:
Albio - Pós-Doutor em História da Arte (Brasil);
Elter - Mestre em Filosofia da Educação (Cabo Verde);
Valda - Mestre em Ciências da Educação (Brasil);
Nelson - Mestrando em Engenharia Matemática (Cabo Verde);
Ednilson - Mestrando em História da Arte (Cabo Verde);
Italina - Mestranda em História (Cabo Verde);
Jair - Mestrando em Ciências da Educação (Brasil);
Iva - Licenciada em Filosofia (Cabo Verde);
José - Licenciado em Matemática (Cabo Verde);
Marta - Licenciada em Bioquímica (Cabo Verde);
Helder - Licenciando em Informação e Tecnologia (luso e exceção, risos).

Neste encontro, juntaram-se chilenos e espanhóis, percebam que em torno da mesa os debates ficam mais saborosos.



Pausa para um café porque ninguém é de ferro.

O projeto está a engatinhar, mas começa a despontar como um forte sólido movimento que dará sentido às idéias iniciadas lá atrás. Para em breve, sob a coordenação do professor Elter, da Universidade de Santiago, será implantado um Centro de Estudos, para o aprofundamento da obra e do alcance político e social do educador brasileiro, Paulo Freire.
É um projeto incipiente, mas que sinaliza um interessante diálogo entre os dois países irmãos. Já se cogitou a idéia de ampliação nao apenas para os PALOP, ou países lusófonos, mas para outros países latinos, e um estudo conjunto de outro grande educador brasileiro, João Francisco de Souza, quem sabe fundaríamos um Centro de Estudos Francisfreireano, trazendo para os debates, as reeleituras ou reinterpretações de João, fazendo valer o pensamento de Freire, que costuma dizer que, segui-lo é não segui-lo, mas reinventá-lo. E que esse grupo consiga realizar esse e mais projetos nessa troca de conhecimentos, enriquecendo ainda mais a diversidade, que de forma inconteste, nos atravessa transversalmente, buscando interagir, ajudar a construir as autonomias, identidades, dos/as homens e mulheres explorados/as não só do nordeste brasileiro e do povo caboverdiano, mas de outros? Quem quiser contribuir e entrar nessa luta (que é de todos), seja bem-vindo/a.